sábado, dezembro 06, 2014

Um inesperado presente de Natal

Meu marido encontrou na loja onde trabalha uma pequena caixa de madeira contendo fotos antigas e cartas do meu pai para mim. Esta caixa é semelhante à que guardo com imenso afeto e cuidado na nossa casa. Não sabia da existência desta outra caixa preciosa, com conteúdo igualmente precioso. Foi um presente de Natal inesperado. Agora posso dar uma caixa para cada filho. Estas caixas têm valor inestimável: foram feitas em Portugal há mais de meio século por um menino de apenas 9 anos que pensava que ia ser carpinteiro, mas que, tendo que seguir os caminhos da emigração, por necessidade de se adaptar ao novo país e de aprender uma nova profissão, revelou-se um excelente padeiro. Este menino é o hoje o pai dos meus filhos, o meu marido.

sábado, julho 05, 2014

Uma boa notícia



Após longa ausência, retorno ao Notícias do Cais com uma boa nova:


"Eu vi a mulher preparando
Outra pessoa
O tempo parou para eu olhar
Para aquela barriga
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou
O sol que atravessa essa estrada
Que nunca passou...
("Força estranha", Roberto Carlos)

Um bebê chegará à família em Dezembro. Seremos novamente avós. Depois da chegada de duas meninas -Ana Carolina e Ana Taís -, desta vez seremos avós de um menino. Seja bem-vindo, querido netinho!

segunda-feira, março 05, 2012

A uma menina que vai chegar

Antes de existires já existias
No sonho de uma menina
A embalar o futuro

Tão antigo e constante desejo
Agora faz-se presente
Irrompe como o alvorecer do dia
Semeando veredas de luz

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Uma cotidiana cena de amor paterno

Ontem eu e meu marido vimos pela webcan uma cena aparentemente banal do cotidiano de uma família.

Nosso filho aproveitava o momento em que a nossa netinha interagia conosco para desembaraçar bem os cabelos dela e depois verificar com um pente de dentes finos se estava livre dos piolhos que pegara na escola.

Lembrei que trinta e poucos anos atrás fizera o mesmo com os cabelos da minha filha. Mas eu contava com o apoio do meu marido para dar conta de outros afazeres e responsabilidades. Meu filho não conta com ninguém: cuida sozinho da filha. Familia monoparental.

Por isto esta cena nada tem de banal. Após um cansativo dia de trabalho e de ter se ocupado com mil e uma atividades (preparar e servir o jantar, pôr louça e roupas para lavar, organizar roupas para o dia seguinte, alimentar o peixe, observar o banho e outros cuidados higiênicos de menina etc. etc.) e apesar da diferença de fuso horário e de já ser quase hora de dormir, ainda se dispôs a mostrar-nos a nossa netinha.

Do lado de cá do cais, só posso lhe dizer que alegra-nos ao vê-la, poder vê-lo também. Que entendo o seu semblante cansado e um pouco circunspecto, preocupado talvez com as mil e uma atividades que no dia seguinte começariam de novo... e de novo...

Através deste correio eletrônico deixo registrada a minha admiração por ele ser o pai que é e o filho que é. Por amar a filha e ensiná-la a amar com atos aparentemente banais, como os dos gestos repetidos ao cuidar dos seus belos e longos cabelos.

domingo, janeiro 29, 2012

Mensagem de uma querida amiga

"Uma criança que nasce é um tempo novo que se anuncia,
uma promessa de futuro a cumprir.
É a esperança de que o mundo recomeça,
com uma nova luz e um novo rosto."

sábado, dezembro 24, 2011

Eu fico com a pureza da pergunta e da resposta das crianças

Encontro-me às vezes com Iasmin, uma menina muito especial, quando faço ginástica na Pracinha do Bairro Peixoto.
Iasmin tem cabelos ruivos escuros, longos e cacheados, olhos pestanudos, sete anos de vida e uma pureza encantadora.
Tem conversas que demonstram que convive muito com adultos. Mas ao mesmo tempo tem aquela inocência infantil comovente.
Perguntou-me à queima roupa:
"_ O que você pediu para o Papai Noel?".
Olhei para o meu marido, muito animado com os aparelhos auditivos novos, e respondi:
"_ Que o titio escute melhor".
E ela, muito rápida e sábia:
"_ Saúde é um ótimo presente!"


Obs: Aproprio-me de versos de Gonzaguinha na canção "O que é, o que é?" para falar de Iasmin.

domingo, dezembro 18, 2011

Fazes-me falta naquela mesa - nove anos sem a tua presença

Querido pai,

"Fazes-me falta" (Inês Pedrosa).

O meu pensamento vai para ti, hoje e sempre.
Sinto imensa falta da tua voz, da tua generosidade, da tua figura carismática.
De algum modo estás comigo, com os que muito te amaram. É certo.
Mas na verdade queria que estivesses conosco, todos os dias.
Ou pelo menos nas celebrações especiais, com os que te amavam reunidos numa grande mesa.

"Naquela mesa tá faltando ele
e a saudade dele tá doendo em mim" (Sérgio Bittencourt)

terça-feira, dezembro 13, 2011

Um novo ninho na varanda

Uma ave fez um ninho num galho de uma planta que se derrama para fora da varanda.
Temo que aconteça como da outra vez: uma outra ave briga pela posse do ninho.
No final do embate, o ninho se desfez e foi abandonado...
Espero que desta vez isto não ocorra.
De qualquer modo, este novo ninho trouxe uma nota de alegria:
"Alguém virá".

quarta-feira, outubro 26, 2011

Imagem do pai

Encontrei há dois dias um pedreiro que conheceu meu pai e fez algumas obras para ele. Ao ouvir-me, exclamou com um sorriso:

"_ Como a senhora se parece com o seu pai!"

Gostei de saber desta semelhança física, reavivada, talvez, por algo no meu modo de falar, que lhe fez lembrar o jeito do meu pai.

Gostaria de me assemelhar, sobretudo e sempre, com o caráter dele. Íntegro.

sexta-feira, outubro 21, 2011

Lendo Maria Gabriela Llansol

Contos do mal errante. Lisboa: Rolim, 1986

"o amor serve-se do amor para atrair os amantes", p. 22

“enquanto ele, o divisor, divide, eu acumulo a amplitude do que é diversificável", p. 188

quarta-feira, maio 11, 2011

Carta a uma menina

Querida,

hoje o dia nasceu jubiloso, um dia "de extrema claridade" (Maria Gabriela Llansol).

Aqueles que te amam lutaram para que que este dia raiasse.

Ele enfim chegou, abrindo um outro futuro.
Um dia você saberá por que.
Por ora, basta viver este dia, cada dia, com a plenitude da sua infância.

domingo, maio 01, 2011

Mães

Mães lembradas.
Mães esquecidas.
Mães devotadas.
Mães distraídas.
Mães, apesar de.
Mães, graças a.
Mães.

domingo, abril 17, 2011

Uma centelha de luz - no dia dos teus anos

A lembrança de ti, aniversariante querido, persite. Hoje consigo pensar em ti de forma mais serena.
Cada vez mais com menos dor.
Não, o amor não diminuiu. Mudou a forma de lidar com a tua ausência. Virou uma saudade doce e intensa. Como uma centelha de luz.

O Tempo e as horas

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Hoje meu avô faria 86 anos.  O que foi, o que é por nós (os que ficaram) e o que será (nas memórias que vamos repetir) é como a vida: o Tempo passa e as horas ficam.  O presente é feito de vivências e acções, e o futuro de concretizações e possibilidades.  As horas passam e o Tempo fica à espera do amanhã.

quinta-feira, janeiro 06, 2011

O primeiro dentinho que cair é da vovó!

Combinei com a minha netinha que quando o primeiro dentinho dela caísse, ela guardaria para mim, mesmo que eu estivesse longe.
Soube que já tem um dentinho "a abanar" (já está mole, como se diria no Brasil).
Ela não se esqueceu da promessa: "é para a vovó".
Agora é só esperar mais um pouco.
Em breve ao sorrir ela terá uma janelinha ...
Mesmo assim continuará linda.
E eu terei um enfeite único no meu cordão.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Alcoolismo

Num breve intervalo de minutos ontem de tarde fui confrontada com dois casos de alcoolismo. Pensei muito sobre eles enquanto caminhava.
No primeiro, tomei conhecimento de que um porteiro finge que está limpando com álcool a vidraça da portaria e, quando não há ninguém por perto, toma rapidamente um gole de álcool puro para alimentar o vício!
Logo a seguir, vejo um jovem, também viciado em álcool, aproximar-se de uma macumba, benzer-se e respeitosamente pedir licença para retirar a garrafa de caninha:
- Licença, meu santo, mas estou sem dinheiro...

quinta-feira, novembro 11, 2010

Prestes a nascer


Maio de 1971.
Os futuros papais seguram as alianças dos noivos*.
A jovem gestante mostra orgulhosa a barriguinha de sete meses.
Faltam apenas dois meses para a chegada do primeiro filho.
Mas eles ainda não sabem que terão um menino.


(*Por onde andarão? Os padrinhos nunca mais os reencontraram...)