segunda-feira, novembro 27, 2006

O direito à (e a) liberdade

Quando se depende totalmente dos outros, perde-se o direito à própria intimidade.

Ramón Sampedro, personagem de Mar adentro, 2004 (citação de memória)

quinta-feira, novembro 23, 2006

A Arte de Perder












Brighton, Novembro de 2006

"A arte de perder não é difícil de se dominar,
tantas coisas parecem cheias de intenção
de se perderem que a sua perda não é uma calamidade.

Perder qualquer coisa todos os dias. Aceitar a agitação
de chaves perdidas, a hora mal passada.
A arte de perder não é difícil de se dominar."

Eduardo Prado Coelho cita estes versos de Elizabeth Bishop numa das suas crónicas semanais no Mil Folhas, suplemento do Público. E diz assim depois: "o poema continuava, sempre cadenciado por esta ideia fundamental: perder pode parecer-nos uma calamidade, desde perder as chaves a uma pessoa que morre ou a um amor que acabou. Mas não é. A vida é feita de coisas que se perdem. Precisamos de aprender a perder. E isso é uma aprendizagem interminável."

O que me pergunto é se é mesmo possível aprender a perder alguém. Perder uma chave é aborrecido, mas fazem-se cópias. Perder gente para sempre dói demais.

terça-feira, novembro 07, 2006

Carta ao meu morto amado

Li e pensei muito em você, Pai.

A cicatriz tão longe de uma ferida tão dentro: a ausente permanência de quem morreu. No avô Mariano confirmo: morto amado nunca pára de morrer .

(Mia Couto. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra)