O poeta e cronista Paulo Mendes Campos aprendeu a ler com a mãe, por ele homenageada numa crônica que recebeu o seu nome, Maria José. Ela contava-lhe histórias de santos, como a dos dois Franciscos, o de Sales e o de Pádua, e iniciou-o nos caminhos da literatura:
"apresentou-me aos contos de Edgar Poe e aos poemas de Baudelaire; dizia-me sorrindo versos de Antonio Nobre que decorara menina; discutia comigo as idéias finais de Tolstoi; escutava maternalmente meus contos toscos. Quando me desgarrei nos primeiros enleios adolescentes, Maria José com irônico afeto me repetia a advertência de Drummond: "Paulo, sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não beija, depois de amanhã é domingo e segunda-feira ninguém sabe o que será."
Otto Lara Resende, ao evocar o amigo Paulo Mendes Campos, refere-se a essa iniciação literária propiciada por um ambiente familiar em que se "respirava a liberdade da poesia":
"Paulo se iniciou nos poetas por sua própria mãe. Seu pai, Mário Mendes Campos, médico e letrado, pertencia à Academia Mineira. Conhecia e adivinhava literatura hispano-americana. Quem, senão o pai do Paulo, poderia nos dar a notícia de um poeta chamado Vicente Huidobro? A família Mendes Campos respirava a liberdade da poesia"
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