V. escreveu-me hoje. Agradecia-me por algumas palavras (eu é que lhe devo um obrigada, eu, que já falhei tantos convites seus para tertúlias literárias). E disse-me que não está tudo de pernas para o ar.
"Está pior: está indiferente. A indiferença está a corroer a cidade. Em termos lineares, claro (e ainda bem que há excepções), os novos que pensavam que sabiam tudo e estão atarantados e amedrontados porque chegaram à conclusão de que sabem muito pouco. Os velhos estão atormentados e etilizados: o uísque corroi-lhes a coragem e serena-lhes a impotência. Com tudo isto, raramente as pessoas páram para saborear os pequenos momentos. Por exemplo, já reparaste que raramente vês um pai (quem diz pai diz mãe) a passear com um filho, na cidade, a um dia da semana? Como pode uma cidade respirar saúde se não não há pais a passear, sorridentes, com os filhos nas suas ruas? E como podem os filhos mais crescidos achar piada a uma cidade do Porto cada vez mais velha e suja?"
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