quinta-feira, abril 27, 2006

Via profana

deste-me o beijo de Judas
e continuo a carregar meu fardo humano
morrerei
e não ressuscitarei
para cumprir nenhum destino divino

meu Lázaro tampouco ressuscitou
e falta demasiado na minha mesa
como jamais faltarei a alguém

nenhum lenço de Verônica
limpou-me lágrimas e suor
povo algum assistiu às minhas quedas
nem apareceu na via um compadecente Simão
para tornar mais leve a minha cruz

sequer talvez uma mater dolorosa
pranteará o meu fim

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