terça-feira, dezembro 26, 2006

Acordem-me quando 2007 chegar



Como ainda não inventaram uma técnica de coma induzido, que permita adormecer no dia 23 de Dezembro e só acordar no ano seguinte, vou tentar simular a coisa com livros, jornais e uma chávena de chocolate de quente. Até 2007.

Meu coração bate feliz












Esta é a melhor frase-síntese da vida do Braguinha, o João de Barro, compositor de canções que aprendemos a cantar - Carinhoso, Copacabana, Pirata da perna-de-pau, A saudade mata a gente, Laura, Pastorinhas ... -, e incorporamos a belos momentos de nossa vida, sem muitas vezes nos lembrarmos do seu autor.

Quando morre alguém que viveu plenamente uma longa vida (completaria 100 anos em 2007) e criou tantas belezas, lamentamos a perda, é claro. Mas, por outro lado, sabendo que o nosso destino de criaturas viventes é a morte, devemos nos alegrar ao ver a admirável trajetória que desenhou na sua passagem terrena. Poucos viveram assim, experimentando e espalhando a felicidade.

Obrigada, Braguinha. Diante da paisagem deslumbrante da praia de Copacabana, contemplarei a "princesinha do mar" e lançarei um pensamento de beleza para você.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Quando nasce uma criança

ao Menino que hoje faz anos e a todas as crianças

Quando nasce uma criança, com ela também nascem uma mãe, um pai, uma madrinha, um padrinho, dois avôs, duas avós, quatro bisavôs, quatro bisavós...

Quando nasce uma criança, nasce uma relação familiar, que enlaça gerações, abraça o passado, faz sorrir o presente e lança sementes ao futuro.

Quando nasce uma criança, renasce o sonho de que o homem seja capaz de fazer do lugar que lhe coube viver um mundo melhor.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Textos-oferendas de Natal

Recebi de duas pessoas muito especiais dois belos textos em forma de cartão. Um deles é uma Crônica de Natal que cerze memórias afetivas com o fio da ficção e o outro é um conto de António Torrado.

Oferecer a alguém que amamos textos escritos pelo próprio punho ou por algum escritor que apreciemos é a melhor prenda de Natal possível, porque, no gesto de ler e de escrever, e de escolher, com os olhos, a mão e o coração, a quem dedicar, cria-se algo único, que contraria a reprodução em série. É como se susurrassem ao ouvido do amado/amigo, afagando todo o ser: tu és algo irrepetível, reconheço a tua singularidade e celebro contigo, através desta data tão especial para a humanidade, a ressurreição da esperança e a alegria de viver.

No Natal de 1998, talvez o mais difícil da minha vida, recebi de uma amiga preciosa uma singular oferenda, um texto original, para pôr no pinheirinho, ao lado das guirlandas e enfeites. Quando sentia-me esmorecer, olhava e relia o texto-oferenda e aquele estranho e raro fruto reacendia a minha luz. A vibração do pensamento afetivo dessa amiga, para mim a melhor escritora em língua portuguesa, ajudou-me a suportar a angústia de quase perder o meu companheiro de toda uma existência.

Na fulguração de gestos-instantes como esses, sentimos e experimentamos que somos eternos (Maria Gabriela Llansol).

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Velando a Amiga

querida amiga,

aqui, deste lado do Atlântico, envio-te, através dos fios de correio inteligentes, esta carta-mensagem com imagens curativas, para que em breve possas beijar o princípio espiritual da manhã e ver raiar o dia ileso

rezo-te a leitura, colho em teus textos as imagens que te relanço pelos ares, através do anjo que por toda a parte se insinua

neles li que a saúde ia voltar, e que os teus livros e cadernos (vivos, como tu dizes), assim como as figuras do eterno retorno do mútuo (em eterno nascimento através da transformação da matéria), aguardam a vibração do teu olhar, a fazer soar berlindes quando atravessas os corredores da escrita