Recebi de duas pessoas muito especiais dois belos textos em forma de cartão. Um deles é uma Crônica de Natal que cerze memórias afetivas com o fio da ficção e o outro é um conto de António Torrado.
Oferecer a alguém que amamos textos escritos pelo próprio punho ou por algum escritor que apreciemos é a melhor prenda de Natal possível, porque, no gesto de ler e de escrever, e de escolher, com os olhos, a mão e o coração, a quem dedicar, cria-se algo único, que contraria a reprodução em série. É como se susurrassem ao ouvido do amado/amigo, afagando todo o ser: tu és algo irrepetível, reconheço a tua singularidade e celebro contigo, através desta data tão especial para a humanidade, a ressurreição da esperança e a alegria de viver.
No Natal de 1998, talvez o mais difícil da minha vida, recebi de uma amiga preciosa uma singular oferenda, um texto original, para pôr no pinheirinho, ao lado das guirlandas e enfeites. Quando sentia-me esmorecer, olhava e relia o texto-oferenda e aquele estranho e raro fruto reacendia a minha luz. A vibração do pensamento afetivo dessa amiga, para mim a melhor escritora em língua portuguesa, ajudou-me a suportar a angústia de quase perder o meu companheiro de toda uma existência.
Na fulguração de gestos-instantes como esses, sentimos e experimentamos que somos eternos (Maria Gabriela Llansol).
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