Estávamos a sair da redacção, à noite, quando encontramos algumas centenas de pessoas com uma vela na mão a caminhar ao longo da Avenida Marechal Gomes da Costa, no Porto. A minha amiga A. decide parar o carro. Estávamos intrigadas com tão estranha cena às 23h de uma sexta-feira. Abro a janela do carro e indago uma das pessoas que seguiam em fila indiana acerca do propósito da procissão.
__ "É contra o aborto", responde a senhora.
Ficamos esclarecidas.
Defendo obviamente a manifestação livre pelas mais diversas e discutíveis causas. Mas choca-me que as questões sejam colocadas nestes termos. Teria regressado em paz para casa se me dissessem simplesmente: "estamos a fazer uma procissão contra a despenalização do aborto". Sim, porque é disto que estamos a falar. Aquilo que se perguntará aos portugueses nas urnas, no próximo dia 11 de Fevereiro, é se concordam ou não que uma mulher interrompa voluntariamente a gravidez, até às dez semanas de gestação, sem que esteja sujeita a ir parar no banco dos reús.
Despenalizar não é sinónimo de ser a favor do aborto.
Despenalizar não é sinónimo de ser contra a vida.
Espero que os brasileiros que leiam notícias sobre este referendo em Portugal compreendam qual é a questão que está a ser colocada aos eleitores.
Um blogue escrito por três pares de mãos separados por águas atlânticas. Uma viagem com escalas no Rio de Janeiro, em Londres e Senhora da Hora.
domingo, janeiro 28, 2007
sábado, janeiro 27, 2007
Saudades de Tom
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Infância
E jogava ao pião com Deus
Enquanto minha mãe estendia a roupa
E o meu pai mendigava pão
E minha alegria nesse tempo era muito próxima
Da dos meninos
E de Deus que ganhava sempre
E não sei quem perdi primeiro:
O pião ou Deus
Apenas sei que Deus continua
A jogar com outros meninos
E que no Outono quando saio à praça
Nos sentamos e falamos muito
Do suave rodopiar das folhas
Daniel Faria
(Poema escolhido pela Quasi Edições para o cartão de Boas Festas 2006)
Enquanto minha mãe estendia a roupa
E o meu pai mendigava pão
E minha alegria nesse tempo era muito próxima
Da dos meninos
E de Deus que ganhava sempre
E não sei quem perdi primeiro:
O pião ou Deus
Apenas sei que Deus continua
A jogar com outros meninos
E que no Outono quando saio à praça
Nos sentamos e falamos muito
Do suave rodopiar das folhas
Daniel Faria
(Poema escolhido pela Quasi Edições para o cartão de Boas Festas 2006)
terça-feira, janeiro 09, 2007
Para o novo ano
"Para o novo ano - Ainda vivo, ainda penso: é ainda necessário que eu viva, porque é ainda necessário que eu pense. Sum ergo cogito:cogito ergo sum. Hoje todos se permitem exprimir os seus desejos, o seu mais caro pensamento: vou, portanto, dizer eu também, o que mais desejo hoje e qual foi o primeiro pensamento que desejei realizar este ano; vou dizer qual é o pensamento que deve tornar-se a razão, a garantia e a doçura de toda a minha vida! É aprender cada vez mais a ver o belo na necessidade das coisas: é assim que serei sempre daqueles que tornam as coisas belas. Amor fati: seja esse de agora em diante o meu amor. Não quero fazer a guerra ao feio. Não quero acusar, nem mesmo os acusadores. Desviarei o meu olhar, será essa, de ora em diante, a minha única negação. E, numa palavra, não quero, a partir de hoje, ser outra coisa senão um afirmador. "
Friedrich Nietzsche, A gaia ciência, aforismo 276
Friedrich Nietzsche, A gaia ciência, aforismo 276
segunda-feira, janeiro 01, 2007
A hora nova
e de novo um ano da nossa alma começa (Hölderlin)
Bem-vindo, primeiro dia do novo ano, com todas as esperanças que a renovação do tempo traz.
Bem-vindo, primeiro dia do novo ano, com todas as esperanças que a renovação do tempo traz.
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