Um blogue escrito por três pares de mãos separados por águas atlânticas. Uma viagem com escalas no Rio de Janeiro, em Londres e Senhora da Hora.
segunda-feira, abril 02, 2007
O artesanato do Mundo
Folheie as mãos nas plainas enquanto desusa a gramática da madeira, obscura
memória: a seiva atravessa-a.
Que a mão lhe seja oblíqua.
Aplaina as tábuas baixas e sonolentas - torne-as
ágeis.
Leveza, oh faça-a como a do ar que entra nelas.
Por súbita verdade a oficina se ilude: que,
de inspiração,
o marceneiro transtorne o artesanato do mundo.
Aparelha, aparelha as tábuas cândidas.
A sua vida é cada vez mais lenta.
Como entra o ar na gramática!
Que Deus apareça.
Herberto Helder
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