Sabendo que em breve ficaria muitos meses sem ver a menininha, a avó decidiu escrever uma das canções que começou a ensinar a ela: a canção do coelhinho, trazida do seu tempo de educadora infantil. Tirou uma folha da agenda e, diante da menininha, foi cantando pausadamente, à medida que escrevia os versos :
- De olhos vermelhos/ de pêlo branquinho/ de pulo bem leve/ eu sou coelhinho...
A menina acompanhou atenta o canto-escrita da avó. No final, a avó desenhou um coelhinho, deu um beijo com marca de batom na folha e disse para a menina:
- Olha, bebê, vou dar este papel para a sua madrinha, assim ela canta com você, quando a vovó for embora.
A meninha pareceu gostar da idéia, sobretudo do carimbo colorido. Pegava a folha e dizia:
- Mais, vovó!
A avó repetiu o beijo...
- Mais, vovó!
Ela repetiu muitas vezes, até o carimbo ficar clarinho, clarinho, quase sem cor...
De tarde, já quase no final do encontro, foram passear no parque. De repente, a menina viu um grafite num banco e disse:
- Coelho.
Naquele momento, ninguém compreendeu bem o que a menina quis dizer. Só muito depois, a avó conseguiu encontrar, emocionada, uma possível explicação: talvez a menina tenha associado aquelas garatujas rabiscadas pelo anônimo grafiteiro com as letras que a avó escrevera enquanto cantava a canção do coelhinho...
O beijo ficara para sempre marcado!
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