Hoje de manhã vi pela lavanderia o meu neto do coração. A mãe me disse que ele havia chamado insistentemente da varanda. E que teria dito: saudade da titia.
Fiquei momentaneamente muda, tal o emocionado espanto. Como uma criança de dois anos, ainda com pouca linguagem, conseguiu expressar, com um palavra tão precisa e singular da nossa língua-cultura, um sentimento tão complexo, da ausência, sentida em nós mesmos, do outro/amado?
Sou em grande parte a responsável por ter feito nascer e crescer esse afeto. Não tenho podido alimentá-lo como desejaria: tem feito muito frio na varanda e, por conta da escrita no computador, tenho ficado enclausurada no quartinho dos fundos, onde ele não pode me ver.
Prestes a ausentar-me por um longo período, já sinto a dor de o deixar, dor que procuro equilibrar com a alegria de partir, e poder rever a neta e os filhos do outro lado do cais.
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