Hoje é dia de Santo Antonio. Em Lisboa (1195?), nasceu um menino, batizado com o nome Fernando. Mais tarde, receberia o nome de Frei Antônio, na ordem dos Franciscanos.
Séculos depois, também em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888, nasceria o menino Fernando, ou melhor, Fernando Antônio, em homenagem ao Santo mais querido de Portugal. Torna-se-ia o grande poeta do século XX português e um dos maiores de todos os tempos.
Ambos, o santo e o poeta, são da minha particular predileção. Com o nome Antônio tenho três pessoas muito amadas: meu pai, meu marido e meu filho. Invoco o santo em horas de grande aflição e ele em geral não me deixa sem resposta. Já Pessoa aprendi a amar praticamente sozinha, após um brevíssimo contato com "Chuva Oblíqua" na Universidade.
Quando penso em Fernando Pessoa - como o poeta é mais conhecido -, sinto que ele vive comigo, através dos versos que recito de cor (de coração). Comove-me a sua figura esguia, escondendo-se atrás dos óculos. E sobretudo a sua profunda solidão, em parte talvez por temperamento, mas também pelo preço que advém de não ter praticamente interlocutores contemporênos para a sua poesia. Apesar de tudo, cumpriu magnificamente a sua missão de artista. Deixou-nos um imenso legado. "Essa coisa [a sua poesia] é que é linda".
Um pouco antes de empreender a grande viagem, teria dito: "eu não sei o que o amanhã trará". Talvez o poeta tivesse gostado do que lhe trouxe "a rapariga que temia a impostura da língua". Desde que ela se lembra, ele viveu sempre consigo, foi seu companheiro de brincar de "Só e maravilha". Depois da escrita de Maria Gabriela Llansol, acrescenta-se-lhe uma nova imagem, cheia de pujança: Pessoa/Aossê é um falcão peregrino, voando ao encontro de outras possibilidades harmônicas. "Passa, ave, passa, e ensina-me a passar".
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