Hoje um filhotinho de passarinho chocou-se contra a vidraça do nosso quarto. Caiu atônito na varanda, quase desfalecido. Fiquei paralisada de impotência e cheia compaixão. Como ajudá-lo? Tentar pegá-lo e pô-lo perto de um galho? E se caísse ao pousá-lo (desta vez do terceiro andar!)?
Encoberta pela cortina para não assustá-lo ainda mais, esperei ansiosamente que se reanimasse . Arrastou-se com esforço até um vaso de plantas, eriçou a penugem, mas não conseguiu alçar nem um pequeno voo.
Um outro pássaro, suponho que a mãe, piava aflito (assim interpretei) na amendoeira. Do lado de cá, de vez em quando o pequenino ferido respondia.
Quando chegou a hora da nossa caminhada, meu marido e eu decidimos deixá-lo tentar sozinho mais um pouco, sem a nossa intervenção, para que não se ferisse ainda mais. Não fomos sequer pegar nossos tênis na varanda: fui de sandálias e fiz uma bolha no pé. Ao regressarmos, se ainda estivesse na varanda, encontraríamos uma solução.
Na volta, quando viu-me a olhar para o alto da árvore, o porteiro disse que havia caído um filhote do ninho. Outro, pensei? Não, não era outro, era o "nosso" que havia conseguido voar até o parapeito, mas não conseguiu sustentar o voo. Vendo a minha aflição, o porteiro tentou consolar-me, dizendo: ele vai ficar bem, eu o peguei e soltei no jardim aqui do lado.
A mãe ainda continuou piando até escurecer. Oxalá o pequenino consiga sobreviver, mesmo tão prematuro e sem ninho.
1 comentário:
Coitadinho. Fiquei imaginando a vossa angústia, assim como a da mãe-passarinha. :-(
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