A Sara mandou-me mais um contributo para o colar de olhos, que há alguns dias tento construir. A ideia é reunir num fio, como se construíssemos uma gargantilha, vários elementos textuais ou imagéticos que façam alusão aos olhos. Sara entrega-me olhos que são "peixes verdes sem mar", trá-los numa caixa metálica, forrada com gelatina, para que não fiquem ressecados.
A Cristina também já nos ofereceu uma imagem do fotógrafo cego Bavcar.
"Poema", de António José Forte
Esta a cabeça em fúria do poeta
como está nas fotografias tiradas de avião
depois de cair em chamas no mar de ninguém
estes dentes
o alfabeto doido com que vai escrever
e aqui está a sua mão direita
estátua de manhã e automóvel à noite
salvo acidente mortal
e eis os seus olhos
peixes verdes sem mar
a sua boca aquela voz horrível no deserto
os seus pés
dois príncipes encantados no palácio dos passos
perdidos
antes de encontrar-te meu amor
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