A professora universitária Consuelo Lins está a ultimar um livro ensaístico sobre a obra deste cineasta brasileiro de 70 anos. Chama-se "O Documentário de Eduardo Coutinho - Cinema, vídeo e televisão" e deverá ser publicado no Brasil em 2004 pela Zahar Editores. Num texto divulgado há sete anos, na Revista Cinemais, Consuelo Lins explicava porque Coutinho consegue as melhores confissões do seu entrevistado. É uma mistura de respeito, disponibilidade, ética e dom da palavra.
"Coutinho dá tempo a seus personagens de formularem algumas ideias sobre suas vidas e efectivamente os escuta. Faz poucas perguntas mas obtém respostas que surpreendem entrevistador e entrevistado. Tem-se a nítida impressão de que muitos estão pensando certas coisas pela primeira vez, ali diante da câmera. Como se até então não tivessem tido tempo para tal. Em um certo sentido, há nos filmes de Coutinho uma dimensão analítica: a análise é particularmente o lugar da escuta. E talvez o que mais falte na actual produção incessante de imagens, palavras, sons, informações é justamente uma escuta que possa pontuar e dar algum sentido à fala dos personagens."
Volto a lembrar que o doumentário "Edifício Master" (2002), premiado na Categoria Melhor Documentário no Festival de Gramado, no Sul do Brasil, será exibido hoje, às 22h00, na Biblioteca Municipal de Santa Maria da Feira. É uma oprtunidade única. Não só porque este filme não passará nas salas de cinema, nem nas Blockbusters da vida, mas também porque o autor estará presente nesta cerimónia de homenagem.
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