Quando este cais nasceu, havia no seu nome um desejo muito claro de troca transatlântica. Porque a identidade de alguém com o meu percurso é sempre muito diluída, não se é nem brasileira nem portuguesa. Uma espécie de ser que prefere habitar o tal espaço "entre", águas internacionais, um Atlântico que não pertence a ninguém porque é de todos. E, como tal, uma zona que tudo pode acolher.
Porque, como diz MB, cais é uma palavra inaudita - suscita ao mesmo tempo a ideia de encontro e partida, movimento e paragem, saudade e alegria. Hoje, lendo as "notícias" que a Tuki tem delicadamente depositado em garrafas que bóiam em água salgada, percebo que sozinha nunca teria alcançado o meu objectivo inicial. E talvez por isso mesmo este espaço tenha andado tão moribundo até à sua chegada.
Como é bom ler aqui pensamentos engendrados abaixo da linha do Equador, escritos numa grafia tropical que só torna a língua portuguesa mais rica. Como é bom amar profundamente alguém que vem à enseada com um texto tatuado na palma das mãos, que pousa os dedos sobre a fina vaga que já é quase só espuma na areia, com extremo desvelo, para que nenhuma notícia perca a rota da Europa.
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