Um blogue escrito por três pares de mãos separados por águas atlânticas. Uma viagem com escalas no Rio de Janeiro, em Londres e Senhora da Hora.
terça-feira, abril 29, 2008
Uma vida e a vida enquanto uma criança
Na caixa perdida da arrecadação onde guardei a inocência que julgava poder usar um dia, encontrei uma pequena semente. Resolvi dar a semente para a menina, aproveitando para ensiná-la porque a terra, a água, o sol e o ar eram tão importantes para o crescimento daquela possibilidade que cabia na pequena mão que então a segurava. A menina sorriu ao olhar para mim, e nos lábios viam-se a inocência perspicaz que havia outrora guadado na caixa. Naquele momento percebi que a vida estava ali transmitida, não a vida que se opõe à morte, meramente física, mas a vida que não se ensina, que não se ganha, que não se perde, a vida que apenas se vive, como pode, de acordo com quatro elementos que nos sustentam. Queria sorrir assim, mas apenas saiu-me um sorriso de concordância. De qualquer forma, ela parecia satisfeita, como também o ficaria se lhe tivesse dado a própria caixa, ou laço que a atava, ou o pequeno grão de areia que estava no fundo. A vida enquanto uma criança não precisa de motivos, calendários, tempo ou espaço para simplesmente viver. É do que julgava guardado e esquecido que recuperei apenas a semente que transmito. Mas será uma possibilidade tão infinita um apenas? Não. Aquilo que deixa de viver lança a semente prévia e renasce, mesmo que no coração de uma vida enquanto criança, mesmo que na vida de um coração que se quer sempre criança.
A morte de Isabella e a eficiência da Polícia
Como mãe, como avó, como cidadã, como ser humano, sinto-me na obrigação de cumprimentar a Polícia Civil de São Paulo pela eficiência na investigação do crime contra a menina Isabella.
Foi um exemplo de profissionalismo, de dever bem cumprido. Devíamos nos orgulhar de termos profissionais tão competentes, ao invés de criticá-los. Outro exemplo de seriedade e competência vem-nos do promotor que acompanha o caso, o que nos deixa mais confiantes na possibilidade de ser feita justiça (a justiça possível, tendo em conta a pouca severidade de nossas leis).
Não, não foi "um espetáculo de pirotecnia". Mas, ainda que fosse, não é isto que deveria causar preocupação. Preocupante é o triste espetáculo diariamente oferecido por muitos dos nossos políticos. Preocupante é haver assassinatos, especialmente de crianças. Preocupante é a possibilidade de o(s) assassino(s) não ser(em) preso(s) e julgado(s). Preocupante é a brecha de se considerar a "primariedade" do(s) acusado(s) num crime contra a criança (no caso em questão, contra a própria filha). Preocupante é a leveza da pena, desproporcional ao peso do delito.
Sim, o fato vem ocupando um grande espaço na mídia - um espaço correspondente à comoção popular diante da brutalidade do crime. Sinal de que a sociedade ainda não perdeu a capacidade de se indignar diante de crimes hediondos, como este, e de clamar por justiça. Sinal de que se solidariza com a dor sem nome e sem sentido dos que efetivamente amavam a menina. Sinal de que repudia a frieza de quem matou barbaramente uma criança e não compatua com o silêncio de quem, em nome de certos valores e direitos, protege assassinos, calando o valor e direito maior, o da vida.
Foi um exemplo de profissionalismo, de dever bem cumprido. Devíamos nos orgulhar de termos profissionais tão competentes, ao invés de criticá-los. Outro exemplo de seriedade e competência vem-nos do promotor que acompanha o caso, o que nos deixa mais confiantes na possibilidade de ser feita justiça (a justiça possível, tendo em conta a pouca severidade de nossas leis).
Não, não foi "um espetáculo de pirotecnia". Mas, ainda que fosse, não é isto que deveria causar preocupação. Preocupante é o triste espetáculo diariamente oferecido por muitos dos nossos políticos. Preocupante é haver assassinatos, especialmente de crianças. Preocupante é a possibilidade de o(s) assassino(s) não ser(em) preso(s) e julgado(s). Preocupante é a brecha de se considerar a "primariedade" do(s) acusado(s) num crime contra a criança (no caso em questão, contra a própria filha). Preocupante é a leveza da pena, desproporcional ao peso do delito.
Sim, o fato vem ocupando um grande espaço na mídia - um espaço correspondente à comoção popular diante da brutalidade do crime. Sinal de que a sociedade ainda não perdeu a capacidade de se indignar diante de crimes hediondos, como este, e de clamar por justiça. Sinal de que se solidariza com a dor sem nome e sem sentido dos que efetivamente amavam a menina. Sinal de que repudia a frieza de quem matou barbaramente uma criança e não compatua com o silêncio de quem, em nome de certos valores e direitos, protege assassinos, calando o valor e direito maior, o da vida.
segunda-feira, abril 28, 2008
Isabella - a via crucis
A via crucis de Isabella (sem esquecer que infelizmente, no Brasil e no mundo, há muitos outros algozes de muitas outras Isabellas, atrasando a evolução espiritual da humanidade). Quando começou o primeiro passo do seu calvário? Tudo indica que ainda no carro, a caminho de casa. O ferimento na testa (a coroa de espinhos, a primeira queda...) deixou marcas de sangue em três lugares do veículo (Indícios que alguém, quase com sucesso, tentou apagar...Por que?)
Uma fralda e uma toalha serviram para estancar o sangue do rosto da menina (o lenço de Verônica, mas sem a sua piedade...), enquanto era levada até ao apartamento. (Alguém quase conseguiu eliminar os vestígios dos tecidos, lavando-os com alvejante. E também limpou o rastro de sangue do chão... Por que?)
A menina, inerte, totalmente indefesa, foi posta sentada no chão (a segunda queda...). Sua sentença de morte (qual a acusação?) já estava assinada: sufocá-la com pesadas mãos de adulto, tirar-lhe o ar por infinitos minutos, matá-la por asfixia (o suplício, a quase morte, antes da definitiva queda...). Só faltava agora o(s) seu(s) assassino(s) pensar(em) num modo de se livrar(em) do corpo sem que recaísse sobre ele(s) a culpa.
Defenestrá-la, através do rasgo aberto na rede de proteção, foi a decisão fria do(s) seu(s) algoz(es). Imagem de uma cueldade inimaginável, de tamanho horror, que ultrapassa qualquer ficção. Dependurada pelos pulsos, braços para o alto, corpo pendente no vazio (a terceira queda, a crucificação...), a menina balançou no ar e depois despencou no abismo.
Impossível sobreviver a tantos tormentos. Mesmo assim, seu coraçãozinho continuou a bater, quase imperceptivelmente, mas por pouco tempo. O breve tempo talvez de poder ver o rosto materno ou de sentir sua presença (a descida da cruz, "stabat mater"...).
Só que Isabella não veio ao mundo para morrer na cruz. (Ninguém vem para sofrer, mas para ser muito amado e amar, para ser feliz). Menos ainda para ser sacrificada (em nome de que, Deus meu?) em plena infância. Era simplesmente uma criança, um ser humano lindo, de sorriso florescente.
Humanamente, mesmo que, perante a lei dos homens, seu(s) assassino(s) seja(m) condenado(s) e cumpra(m) pena, é impossível perdoá-lo(s). Porque não pede(m) perdão. Porque sabia(m) o que fazia(m). Resta - a nós e ao(s) assassino(s) - esperar o juízo divino. Talvez só Ele possa absolvê-lo(s).
Uma fralda e uma toalha serviram para estancar o sangue do rosto da menina (o lenço de Verônica, mas sem a sua piedade...), enquanto era levada até ao apartamento. (Alguém quase conseguiu eliminar os vestígios dos tecidos, lavando-os com alvejante. E também limpou o rastro de sangue do chão... Por que?)
A menina, inerte, totalmente indefesa, foi posta sentada no chão (a segunda queda...). Sua sentença de morte (qual a acusação?) já estava assinada: sufocá-la com pesadas mãos de adulto, tirar-lhe o ar por infinitos minutos, matá-la por asfixia (o suplício, a quase morte, antes da definitiva queda...). Só faltava agora o(s) seu(s) assassino(s) pensar(em) num modo de se livrar(em) do corpo sem que recaísse sobre ele(s) a culpa.
Defenestrá-la, através do rasgo aberto na rede de proteção, foi a decisão fria do(s) seu(s) algoz(es). Imagem de uma cueldade inimaginável, de tamanho horror, que ultrapassa qualquer ficção. Dependurada pelos pulsos, braços para o alto, corpo pendente no vazio (a terceira queda, a crucificação...), a menina balançou no ar e depois despencou no abismo.
Impossível sobreviver a tantos tormentos. Mesmo assim, seu coraçãozinho continuou a bater, quase imperceptivelmente, mas por pouco tempo. O breve tempo talvez de poder ver o rosto materno ou de sentir sua presença (a descida da cruz, "stabat mater"...).
Só que Isabella não veio ao mundo para morrer na cruz. (Ninguém vem para sofrer, mas para ser muito amado e amar, para ser feliz). Menos ainda para ser sacrificada (em nome de que, Deus meu?) em plena infância. Era simplesmente uma criança, um ser humano lindo, de sorriso florescente.
Humanamente, mesmo que, perante a lei dos homens, seu(s) assassino(s) seja(m) condenado(s) e cumpra(m) pena, é impossível perdoá-lo(s). Porque não pede(m) perdão. Porque sabia(m) o que fazia(m). Resta - a nós e ao(s) assassino(s) - esperar o juízo divino. Talvez só Ele possa absolvê-lo(s).
sexta-feira, abril 25, 2008
25 de Abril - "foi bonita a festa, pá"
Sim, foi bonita a festa, como cantou Chico Buarque. E nós aqui, do outro lado do cais, ficamos carentes das sementes de cravos no nosso jardim.
Contudo, passada a euforia, veio o desencanto. E ficou um gosto amargo, um certo travo do que poderia ter sido e não foi.
Toda revolução deve ser permanente. Do contrário, corre o risco de cair na cristalização e tornar-se estátua de si mesma.
Isto é válido também para as pessoas. Quantas vezes não nos convertemos em pousos de pombos, prisioneiros de um determinado fato, congelados numa imagem, fixados no tempo.
Contudo, passada a euforia, veio o desencanto. E ficou um gosto amargo, um certo travo do que poderia ter sido e não foi.
Toda revolução deve ser permanente. Do contrário, corre o risco de cair na cristalização e tornar-se estátua de si mesma.
Isto é válido também para as pessoas. Quantas vezes não nos convertemos em pousos de pombos, prisioneiros de um determinado fato, congelados numa imagem, fixados no tempo.
segunda-feira, abril 21, 2008
Coisas de criança 17
Ontem foi mais um dia especial para os avós: dia de ver e falar com a netinha através da webcam. Desta vez, um prazer triplicado, com a presença dos dois filhos. Três amores, enchendo de alegria e luz as suas vidas.
A princípio, a menininha cobria o rosto com um livro aberto, e gargalhava gostosamente, brincando de se esconder da câmera. O livro, prenda da madrinha, traz um coração na capa e conta a história de uma fada que tem justamente o nome da menininha. Aos poucos ela foi deixando ver a boquinha, um canto da face, os olhos, e por fim o rosto todo...
Em seguida, a brincadeira mudou para uma espécie de karaoquê com a música do "Balão Mágico". Essa canção marcou a infância do pai e da madrinha da menininha. A avó se lembrava perfeitamente do começo ("Super fantástico amigo/que bom estar contigo/ no nosso balão), mas a memória falhou na segunda estrofe. O jeito foi apelar para o lá-lá-lá... e prosseguir cantando.
Mas com certeza, até o próximo encontro, a avó já conseguiu reaprender toda a canção. E então ela poderá cantá-la inteirinha, fazendo coro com a menininha.
A princípio, a menininha cobria o rosto com um livro aberto, e gargalhava gostosamente, brincando de se esconder da câmera. O livro, prenda da madrinha, traz um coração na capa e conta a história de uma fada que tem justamente o nome da menininha. Aos poucos ela foi deixando ver a boquinha, um canto da face, os olhos, e por fim o rosto todo...
Em seguida, a brincadeira mudou para uma espécie de karaoquê com a música do "Balão Mágico". Essa canção marcou a infância do pai e da madrinha da menininha. A avó se lembrava perfeitamente do começo ("Super fantástico amigo/que bom estar contigo/ no nosso balão), mas a memória falhou na segunda estrofe. O jeito foi apelar para o lá-lá-lá... e prosseguir cantando.
Mas com certeza, até o próximo encontro, a avó já conseguiu reaprender toda a canção. E então ela poderá cantá-la inteirinha, fazendo coro com a menininha.
domingo, abril 20, 2008
Isabella - o reverso de um parto
A imagem do buraco na rede por onde a pequena Isabella foi arremessada acutila-me. Esse rasgo (aberto com a ajuda de dois instrumentos cortantes, segundo a perícia) contraria todos os princípios do acolhimento humano.
Pomos redes protetoras nas janelas para proteger as crianças de possíveis quedas. É preciso uma frieza e uma crueldade inimagináveis para praticar um ato hediondo como esse.
Simbolicamente, é o reverso de um parto. Quando uma criança está para nascer, mãos humanas aparam-na cuidadosamente, acolhem-na, trazem-na para a vida. Assim Isabella com certeza chegou ao mundo: amada, desejada, cuidada, protegida.
Mas as mãos que seguraram Isabella pelo vão e lançaram-na indefesa para o abismo, fizeram-na desnascer abruptamente, violentamente, longe da rede de proteção de todos os que verdadeiramente a amavam.
Quis o acaso (se é que existe acaso) que a mãe conseguisse estar ao lado da menina nos instantes de trânsito entre a vida e a morte. Preciso acreditar que a simples presença materna, sua voz doce, seu toque macio, chegaram de alguma forma até a menina, serenizando a sua angústia e estupefação, confortando-a, acolhendo-a na passagem para outra forma de vida, para um lugar onde não se arremessem crianças indefesas para o abismo.
Pomos redes protetoras nas janelas para proteger as crianças de possíveis quedas. É preciso uma frieza e uma crueldade inimagináveis para praticar um ato hediondo como esse.
Simbolicamente, é o reverso de um parto. Quando uma criança está para nascer, mãos humanas aparam-na cuidadosamente, acolhem-na, trazem-na para a vida. Assim Isabella com certeza chegou ao mundo: amada, desejada, cuidada, protegida.
Mas as mãos que seguraram Isabella pelo vão e lançaram-na indefesa para o abismo, fizeram-na desnascer abruptamente, violentamente, longe da rede de proteção de todos os que verdadeiramente a amavam.
Quis o acaso (se é que existe acaso) que a mãe conseguisse estar ao lado da menina nos instantes de trânsito entre a vida e a morte. Preciso acreditar que a simples presença materna, sua voz doce, seu toque macio, chegaram de alguma forma até a menina, serenizando a sua angústia e estupefação, confortando-a, acolhendo-a na passagem para outra forma de vida, para um lugar onde não se arremessem crianças indefesas para o abismo.
quinta-feira, abril 17, 2008
No dia dos teus anos
Aqui na Terra, o tempo parou para ti. Não fazes mais anos. Para nós, que aqui ficamos, não. Continuamos a contar os minutos, os dias, os anos.
Querido pai, hoje, aqueles que mais te amaram, amanheceram pensando, com afeto e uma pontada de dor: hoje é dia dos teus anos.
E, como não puderam expressar-te esse pensamento afetivo, trocaram mensagens entre si, procurando escrever a dor imensa da tua ausência.
Há aqueles que a cada ano que passa são cada vez mais esquecidos. A sua imagem se desvanece pouco a pouco, acabando por desaparecer. Contigo dá-se justamente o inverso: ela cresce, reverbera, revelando cada vez mais a projeção maiúscula de um ser humano invulgar, raro, lindo.
Tenho muito orgulho de ter tido o privilégio de ser tua filha. Fui abençoada por receber de herança o teu nome honrado, irretocável. Era isto o que gostaria de te dizer hoje, no dia em que completarias 83 anos.
Querido pai, hoje, aqueles que mais te amaram, amanheceram pensando, com afeto e uma pontada de dor: hoje é dia dos teus anos.
E, como não puderam expressar-te esse pensamento afetivo, trocaram mensagens entre si, procurando escrever a dor imensa da tua ausência.
Há aqueles que a cada ano que passa são cada vez mais esquecidos. A sua imagem se desvanece pouco a pouco, acabando por desaparecer. Contigo dá-se justamente o inverso: ela cresce, reverbera, revelando cada vez mais a projeção maiúscula de um ser humano invulgar, raro, lindo.
Tenho muito orgulho de ter tido o privilégio de ser tua filha. Fui abençoada por receber de herança o teu nome honrado, irretocável. Era isto o que gostaria de te dizer hoje, no dia em que completarias 83 anos.
quarta-feira, abril 16, 2008
Llansol e Bach
Foi descoberta por musicólogos uma composição para órgão, de J. S. Bach, ainda desconhecida.
Leio esta notícia, enviada por meu filho. Sei que pensou em mim e na Maria Gabriela. Acolho, comovida, esse pensamento sobre a Amiga, que recentemente partiu.
Ela não mais poderá ouvir essa cantata de Bach aqui na Terra, enquanto descasca ervilhas. Mas lá, na cena do encontro fulgurante da música e do texto, lá onde pode haver a jubilosa ressurreição, ambos experimentam novas possiblidades harmônicas. Tocam, trocam saberes e fulgores. E saboreiam, juntos, a sopa que Maria Gabriela preparou.
Leio esta notícia, enviada por meu filho. Sei que pensou em mim e na Maria Gabriela. Acolho, comovida, esse pensamento sobre a Amiga, que recentemente partiu.
Ela não mais poderá ouvir essa cantata de Bach aqui na Terra, enquanto descasca ervilhas. Mas lá, na cena do encontro fulgurante da música e do texto, lá onde pode haver a jubilosa ressurreição, ambos experimentam novas possiblidades harmônicas. Tocam, trocam saberes e fulgores. E saboreiam, juntos, a sopa que Maria Gabriela preparou.
quarta-feira, abril 09, 2008
Acalanto para o neto do coração
(de autoria da avó)*
Meu menino nana, nana,
Que já vem o João Pestana
No macuru, macuru**.
Vem o sono, vem o sonho,
Muito lindo, muito lindo,
E o menino sossegado,
Vai adormecer sorrindo...
Meu menino nana, nana,
Que já vem o João Pestana
No macuru, macuru.
* do Livro de Acalantos, em preparação
Meu menino nana, nana,
Que já vem o João Pestana
No macuru, macuru**.
Vem o sono, vem o sonho,
Muito lindo, muito lindo,
E o menino sossegado,
Vai adormecer sorrindo...
Meu menino nana, nana,
Que já vem o João Pestana
No macuru, macuru.
* do Livro de Acalantos, em preparação
** macuru: berço indígena. Amazônia: balanço de segurança, formado por talas, em que as crianças podem balançar sem perigo.
terça-feira, abril 08, 2008
Coisas de criança 16 ou A primavera em rede
Neste princípio de primavera, o pai levou a pequena menina à praia. Ela brincou na areia, fazendo os grãos de areia escoar entre seus pequenos dedos, sorrindo feliz. Acho que primavera é como ver uma criança a sorrir.
Este post nasceu num comentário meu para um outro blog, e renasceu por sede de rede e continua aqui.
Este post nasceu num comentário meu para um outro blog, e renasceu por sede de rede e continua aqui.
quinta-feira, abril 03, 2008
Isabella - mais uma infância interrompida
Isabella tinha apenas cinco anos. Não mais brincará, não mais sorrirá, não mais crescerá.
Sua breve vida foi interrompida de uma forma inimaginável, provavelmente por aqueles que a deveriam proteger.
Como isso foi/é possível? A dor diante dessa morte violenta provoca-me um sentimento sem nome: indignação, revolta, descrença no ser humano...
Quando filhos assassinam os próprios pais, o crime choca-nos pela dupla transgressão: serem capazes de matar; e serem capazes de praticar esse ato justamente contra aqueles que lhes deram a vida. Mas quando pais ou responsáveis matam uma criança indefesa, o crime é ainda mais hediondo, por contrariar todos os princípios humanos.
Infelizmente, sabemos que a perversidade existe, que há pessoas muito perturbadas, com sérios desvios de caráter. Não sou loucos, têm consciência de que infringem leis e, cientes disso, procuram ocultar seus atos. Disfarçam, mentem, jamais os assumem.
Contudo, por mais "normais" que os prováveis assassinos pudessem parecer, certamente eram perceptíveis no seu perfil alguns sinais de perversão. Por que as pessoas de bem que viviam próximas à criança não deram um grito de alerta, evitando, assim, essa tragédia (como aquele senhor de Goiânia, que teve a coragem de denunciar a suspeita de maus-tratos contra uma menina de doze anos, salvando-a das torturas a que era submetida, e que poderiam ter resultado na sua morte)?
Como disse um psicólogo, comentando este assassinato terrível, causa espanto o silêncio das "boas pessoas". Quando nos calamos diante de uma possível situação de violência contra inocentes, podemos estar alimentando o "ovo da serpente" que nos devorará mais tarde.
Sua breve vida foi interrompida de uma forma inimaginável, provavelmente por aqueles que a deveriam proteger.
Como isso foi/é possível? A dor diante dessa morte violenta provoca-me um sentimento sem nome: indignação, revolta, descrença no ser humano...
Quando filhos assassinam os próprios pais, o crime choca-nos pela dupla transgressão: serem capazes de matar; e serem capazes de praticar esse ato justamente contra aqueles que lhes deram a vida. Mas quando pais ou responsáveis matam uma criança indefesa, o crime é ainda mais hediondo, por contrariar todos os princípios humanos.
Infelizmente, sabemos que a perversidade existe, que há pessoas muito perturbadas, com sérios desvios de caráter. Não sou loucos, têm consciência de que infringem leis e, cientes disso, procuram ocultar seus atos. Disfarçam, mentem, jamais os assumem.
Contudo, por mais "normais" que os prováveis assassinos pudessem parecer, certamente eram perceptíveis no seu perfil alguns sinais de perversão. Por que as pessoas de bem que viviam próximas à criança não deram um grito de alerta, evitando, assim, essa tragédia (como aquele senhor de Goiânia, que teve a coragem de denunciar a suspeita de maus-tratos contra uma menina de doze anos, salvando-a das torturas a que era submetida, e que poderiam ter resultado na sua morte)?
Como disse um psicólogo, comentando este assassinato terrível, causa espanto o silêncio das "boas pessoas". Quando nos calamos diante de uma possível situação de violência contra inocentes, podemos estar alimentando o "ovo da serpente" que nos devorará mais tarde.
quarta-feira, abril 02, 2008
Dia Mundial do Livro Infantil
Hoje comemora-se mundialmente o Dia do Livro Infantil em homenagem a Hans Christian Andersen, o autor de A Sereiazinha e O Patinho Feio, entre outras histórias inesquecíveis.
Penso nos livros que vivem no meu imaginário, contribuindo para uma Infância com arte*. O começo feliz foi o Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. Depois vieram muitos outros. Felizmente a estante está cheia, viva, receptiva a novos leitores. Mas sempre haverá espaço para os livros que continuam a chegar.
*(Título do livro de literatura infantil que escrevi recentemente)
Penso nos livros que vivem no meu imaginário, contribuindo para uma Infância com arte*. O começo feliz foi o Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato. Depois vieram muitos outros. Felizmente a estante está cheia, viva, receptiva a novos leitores. Mas sempre haverá espaço para os livros que continuam a chegar.
*(Título do livro de literatura infantil que escrevi recentemente)
terça-feira, abril 01, 2008
Coisas de criança 15
A avó comoveu-se com algumas fotografias da menininha que a filha lhe enviou. Numa delas, vê-se a menininha de costas, com as mãozinhas apertadas atrás (um gesto-jeito muito dela) e um par de asas diáfanas, como uma fadinha (a madrinha gosta de brincar com ela de soltar as "asas da imaginação" e ela A-DO-RA).
Na outra foto, vê-se apenas os pequenos pés duplamente calçados: a menininha, também de costas, calça os sapatos da madrinha, como as meninas costumam fazer.
A avó sorri, lembrando-se de que a filha, quando pequena, também costumava arrastar sandálias enormes pela casa. Elegeu esta foto para fundo de tela do seu computador. Na próxima semana, colocará a das asinhas. Assim, vai mantendo os que ama perto dos olhos e do coração.
Na outra foto, vê-se apenas os pequenos pés duplamente calçados: a menininha, também de costas, calça os sapatos da madrinha, como as meninas costumam fazer.
A avó sorri, lembrando-se de que a filha, quando pequena, também costumava arrastar sandálias enormes pela casa. Elegeu esta foto para fundo de tela do seu computador. Na próxima semana, colocará a das asinhas. Assim, vai mantendo os que ama perto dos olhos e do coração.
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