quarta-feira, março 17, 2004

Coisas do Brasil IV

Conheci hoje na praia de Copacabana um senhor chamado Luís. Ele trazia no ombro uma alfaia bizarra, um utensílio semelhante àquele que se usa para limpar piscinas, mas à volta da rede circular havia dentes de aço aguçados como os de um forcado. Perguntei: "O senhor usa isso para catar tatuí?" (O tatuí é um bichinho que se esconde na areia molhada da praia, mas que está cada vez mas raro na Zona Sul do Rio de Janeiro devido à poluição.) Ele sorriu, fazendo rugas bonitas na pele queimada pelo sol, e disse que não, não caçava tatuís. "Eu procuro na areia os objectos que as pessoas perdem no mar. O que as águas levam as águas trazem sempre de volta", explicou. Luís trabalha 365 dias por ano e sustenta a família com o seu inusitado garimpo marítmo. Encontra moedas, colares e objectos de metais preciosos. Depois, vende-os. Quanto há espectáculos na praia à noite, chega cedo ao areal na manhã seguinte. Após as oferendas à Iemanjá na passagem de ano, idem. Garimpa, garimpa. Gosta do que faz. E tem orgulho da profissão. Diz que já saiu até uma reportagem sobre ele no Fantástico. Sonha encontrar uma jóia muito, muito preciosa.

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