quinta-feira, junho 24, 2010

Carta-declaração de amor V

Querida "cobrinha",

ontem vovó foi numa loja comprar sandálias havainas para você.
Já comprei um par. Cor-de-rosa, claro.
Lá vi chinelos de todos os tamanhos. Algumas eram pequeninas, com elástico para firmar no pé, como as primeiras que você teve.
Você sabia que, quando as suas não serviram mais, seu papai me deu de lembrança? Estão guardadas na arca da casa de Arouca.
Não resisti e comprei outro par de sandálias. Espero que ninguém mais compre sandálias para você...)
Estas não são de praia. São bem diferentes. Lindas! Para passear com a roupa esportiva, de Verão, que vovó está levando na mala para a "cobrinha" muito amada. Muito chique!

quarta-feira, junho 23, 2010

Carta-declaração de amor IV

Querida netinha,

hoje, ao abrir o meu computador, encontrei uma linda e inesperada mensagem da sua madrinha. Era uma foto com o comentário do seu papai sobre a peça de teatro da sua escola.
O que pode parecer banal ou cotidiano para quem vive o dia-a-dia com você, provocou-me uma mistura de sentimentos difícil de destrinçar.
Vou tentar puxar apenas três fios.
1º fio: emocionou-me poder acompanhar, mesmo indiretamente, uma atividade sua na escola. Imagino você representando o seu papel com os colegas. Certamente é a "cobrinha" mais encantadora do mundo!
2º fio: comoveu-me ver a letra do seu papai, no comentário fixado no mural da escola. Lembrei de quando o levava à escola e do processo de alfabetização dele.
3º fio: causou-me imensa alegria a generosa ideia da sua madrinha, ao tirar esta foto e enviar-me. Ela é uma importante tecelã desta rede de afetos.

terça-feira, junho 22, 2010

Carta-declaração de amor III

Querida netinha,

reorganizando os meus arquivos no computador, encontrei um que me emocionou ao relê-lo.
Intitula-se "Diário de uma futura vovó".
Decidi transcrever nesta carta-diário de hoje o primeiro fragmento deste Diário.
Ele inscreve a alegria passada-presente-futura de um outro "hoje".
Pré-história de uma história de amor que se projeta no por vir:

14/01/2005

Tomei conhecimento de que você ia chegar. A notícia trouxe-nos uma alegria sem nome.

segunda-feira, junho 21, 2010

Carta-declaração de amor II

Querida neta-Sininho,

vovó sonha com a ideia de que em breve você já saberá ler e escrever.
Então poderá ser o quarto par de mãos a escrever neste blog.
Mas a vovó sonha mais ainda.
Sonha com o momento em que nossas mãos não estejam "separadas por águas do Atlântico".
Então este blog talvez precise mudar de nome.
Terá um nome que não seja um cais de saudades.
Não haverá tristeza de partidas e alegrias de chegadas.
E, entre elas, longas ausências.
Será só um cais de encontros.
Um cais de encontros alegres e cotidianos.
Vovó sonha que este sonho não seja um sonho vão.
Enquanto isso, vovó vai escrevendo a saudade.
E pensando nas histórias que você gosta de ouvir.
Como a do Capitão Gancho, Peter Pan, Wendy e Sininho...

domingo, junho 20, 2010

Carta-declaração de amor I

Minha pequena flor,

ontem mandei um post com um filme para você, baseado no livro A maior flor do mundo, de José Saramago.
Sabe, a vovó estava meio tristinha por este escritor ter partido.
Ele esteve intensamente presente na vida da vovó e de muitas pessoas que gostam de ler.
Vovó lembrou da época em que escreveu sua Dissertação de Mestrado (1988) sobre os romances de José Saramago, Mulheres em tempo gerúndio, e dedicou-a ao seu papai, à sua tia-madrinha, ao seu vovô, aos seus bisavós, enfim, às pessoas que mais amava (e ama) no mundo.
Não incluí você na dedicatória, porque seu papai ainda era ainda um jovem de dezessete anos e você ainda não existia... Então, como o meu pensamento ontem estava com José Saramago e também estava (e sempre estará) com você, decidi enviar-lhe esta flor-livro-filme.
Não sei se você já assistiu à historinha.
Sei que você ainda é pequenina e precisa de alguém para mostrar-lhe as mensagens.
Depois você me conta se gostou dela.

com muitas saudades,

da sua vovó do Brasil

segunda-feira, junho 14, 2010

Para alimentar a alma II: "Até pensei"

Até pensei
Chico Buarque, 1968

Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caia
Toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade
Morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dono dos olhos nem via
Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a a enganar nuca me via
Eu andava pobre
Tão pobre de carinho
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Toda a dor da vida
Me ensinou essa modinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha

sexta-feira, junho 11, 2010

Soprando dentes-de-leão

O Blogger, a casa virtual que nos hospeda, acabou de disponibilizar novas roupagens para blogues. Não resisti a adoptar o modelo actual, no qual aparecem, no canto superior direito, sementes de dentes-de-leão sendo carregadas pelo vento. É que esta é uma das brincadeiras favoritas da avó e da menina. 

sexta-feira, junho 04, 2010

Uma bela travessia humana

Nossa história é parecida com a de muitos outros imigrantes portugueses: uma vida de lutas, sacrifícios e muita saudade, mas também de imensas alegrias pelos reencontros e por ver que fomos bem sucedidos na educação de nossos filhos, transmitindo-lhes valores fundamentais, hoje infelizmente bastante escassos.

Nossos filhos puderam vivenciar estes valores sobretudo através de exemplos observados no dia-a-dia da convivência familiar.

Conseguimos que não perdessem a ligação com as raízes e com os familiares em Portugal, onde decidiram viver quando ficaram adultos, porém sem deixar de amar e respeitar a terra onde nasceram, o Brasil.

Mas o jardim foi bem cuidado e florescerá viçoso, onde quer que decidam viver.

Quando tentamos fazer uma retrospectiva das nossas vidas, é esta imagem que conforta nas adversidades e projecta sua luz para a primavera que há-de vir.