quinta-feira, abril 27, 2006

Fragmentos de um futuro poema

A vida sabe-me a matéria plástica
o filtro dos afetos foi poderoso demais
conheço a algidez dos laços que se desatam
nem por engano florirão as roseiras bravas
o limbo do olvido apaga-me o nome e o rastro
impossível atravessar defasagens de ritmos

meus dedos sistinos não alcançam tocar-te o âmago
minhas palavras não abrandam a secura impassível
não nasceu ainda o canto órfico capaz de franquear
a áspera inumanidade que se agiganta a cada dia
deixando-me a evidência da selva escura
na descida do caminho da minha vida

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