segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Acalanto para João Hélio

Meu menino, apetece-me embalar-te e adormecer a dor de teus pais, dilacerados pela pavorosa violência da tua partida. Queria poder recuar o tempo, e devolver-te a eles inteiro, vivo. Mas os jornais insistem em estampar a inimaginável realidade.E, indignada, a cidade chora por ti, por tua família, por todos nós.Consola-me imaginar que foste acolhido com festas no céu,como o poeta imaginou a chegada de Mozart, e que agora lá enfeitas com teus desenhos,as paredes e murais diáfanos, e ainda corres e brincas e falas com teu jeito singular.Contudo, aqui na terra, a dor maiúscula ficará, a clamar por justiça, a implorar por um mundo mais humano,em que as crianças possam ser crianças,em que a vida seja o valor maior,em que crianças e jovens e adultos não matem friamente,diferente deste mundo que te levou tão cedo,e gerou a insensibilidade dos teus assassinos.

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