quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Coisas de criança 12

A menininha começou muito cedo a falar, espantando a todos com o seu domínio da linguagem. Um dia, não se sabe exatamente como nem quando, viu imagens de pingüins e ficou encantada com aqueles bichinhos. Como ainda não conhecia aqueles seres nem a palavra que os designava, exclamou:

- Kamimis! Kamimis! (ou camimes... como saber a grafia correta?)

A tia-madrinha achou muita graça e logo avisou à avó distante:

- Mãe, quando você vier, vai se encantar ao ouvir a palavra que a sua neta inventou para pingüins: kamimis!

A avó admirou-se, é claro. De onde saíra aquele inesperado neologismo? Quando enfim puderam conviver pessoalmente com a netinha, os avós confirmaram o quanto crescera o seu vocabulário. No entanto, percebendo a repercussão de sua criação lingüística, a menininha não mais repetiu kamimis. Apesar de aprender palavras difíceis (como helicóptero), tampouco fala pingüins, embora saiba perfeitamente de que se trata. Faz-se de rogada, com sorriso nos olhos, demonstrando entender que todos querem mesmo é ouvi-la.

Não importa. O fato é que kamimis já faz parte da memória afetiva familiar. Está presente inclusive nos ícones dos emocions trocados entre a avó, a madrinha, o pai da menininha e os amigos mais próximos.

Outra vez a viver deste lado do cais, longe da menininha, a avó espantou-se com a profusão de pingüins na passarela do Sambódromo do Rio de Janeiro. Neste ano, duas Grandes Escolas Samba do Grupo A, a Viradouro e a Unidos da Tijuca, apresentaram fantasias e carros alegóricos sobre o tema.

Não é difícil imaginar o pensamento da avó, enquanto assistia ao desfile pela TV:

- Oh! Kamimis! Certamente a menininha teria amado ver tantos kamimis a sambar na avenida!

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