Ontem eu e meu marido vimos pela webcan uma cena aparentemente banal do cotidiano de uma família.
Nosso filho aproveitava o momento em que a nossa netinha interagia conosco para desembaraçar bem os cabelos dela e depois verificar com um pente de dentes finos se estava livre dos piolhos que pegara na escola.
Lembrei que trinta e poucos anos atrás fizera o mesmo com os cabelos da minha filha. Mas eu contava com o apoio do meu marido para dar conta de outros afazeres e responsabilidades. Meu filho não conta com ninguém: cuida sozinho da filha. Familia monoparental.
Por isto esta cena nada tem de banal. Após um cansativo dia de trabalho e de ter se ocupado com mil e uma atividades (preparar e servir o jantar, pôr louça e roupas para lavar, organizar roupas para o dia seguinte, alimentar o peixe, observar o banho e outros cuidados higiênicos de menina etc. etc.) e apesar da diferença de fuso horário e de já ser quase hora de dormir, ainda se dispôs a mostrar-nos a nossa netinha.
Do lado de cá do cais, só posso lhe dizer que alegra-nos ao vê-la, poder vê-lo também. Que entendo o seu semblante cansado e um pouco circunspecto, preocupado talvez com as mil e uma atividades que no dia seguinte começariam de novo... e de novo...
Através deste correio eletrônico deixo registrada a minha admiração por ele ser o pai que é e o filho que é. Por amar a filha e ensiná-la a amar com atos aparentemente banais, como os dos gestos repetidos ao cuidar dos seus belos e longos cabelos.
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