Um blogue escrito por três pares de mãos separados por águas atlânticas. Uma viagem com escalas no Rio de Janeiro, em Londres e Senhora da Hora.
quinta-feira, junho 26, 2003
Al Berto
"Mas ninguém possui verdadeiramente alguma coisa. As coisas do mundo pertencem a todos e, sobretudo, a quem aprendeu a nomeá-las", é o que me diz agora Al Berto, com as suas asas de "O Anjo Mudo". E então fiquei triste por só ter nomeado os textos de Al Berto - quando os tive entre os dedos - depois dele ter desaparecido. Descobri-o alguns anos depois, já residente em Portugal. Ouvi recitais com as suas palavras, li algumas coisas soltas. Um dia fui visitar um amigo ao hospital. Tinha feito uma cirurgia na perna. Estava triste. Havia lido "Horto de Incêndio" de uma vez só, sobre os leçóis brancos. Teria alta dentro de meia hora e entregou-me a obra com uma generosidade imprópria dos que sentem dor. E depois ainda houve o "Baía dos Tigres", designadamente a parte em que Pedro Rosa Mendes fala ao telefone com Francisco Sena Santos e recebe a notícia da morte de Al Berto. A leitura fez com que, pelo menos para mim, o poeta hoje morresse. Um luto extemporâneo.
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