Acabo de ler um livro de histórias, como prefere classificar o autor Alessandro Baricco. Chama-se "Seda" (Difel, 2002) e é de uma delicadeza fabulosa. Li em poucas horas, fascinada que estava pela personagem Hervé Joncour.
Hervé é um homem francês que abandona a carreira militar para se dedicar à compra e venda de bichos-da-seda. "Corria o ano de 1861. Flaubert escrevia Salammbô, a iluminação eléctrica ainda não passava de uma hipótese e Abraham Lincoln, do outro lado do oceano, combatia uma guerra da qual nunca chegaria a ver o fim". Nesse período, Hervé tinha 32 anos e já estava casado com uma mulher, de nome Heléne e voz cristalina.
Uma grande epidemia recaía sobre os ovos de bichos-da-seda. Hervé viajava até à Síria e ao Egipto para angariar produtos sãos, capazes de alimentar as fiações da localidade de Lavilledieu. A dada altura, tornou-se muito difícil encontrar material de qualidade. Decidiu-se então que Hervé partiria para o Japão, terra que de tão fechada ao estrangeiro certamente não tinha sido ainda atacada pelo mal. Hervé partiu.
A aventura de Hervé naquele país oriental passa pela beleza de um lago, pela hospitalidade de um senhor solene e pela sedução de uma rapariguinha com olhos amendoados, ocidentais. Uma narrativa simples, como convém às lendas de viajantes, que me fez lembrar de Marco Pólo e Kublai Khan em "As Cidades Invisíveis", de Calvino.
Uma leitura singela para um fim de tarde. Uma chávena de chá de tília, uma manta macia mas não muito quente. Ao fundo, o silêncio da casa só.
Alessandro Baricco nasceu em Turim, em 1958. É conhecido como crítico literário e musical, mas já apresentou programas de televisão italianos. Escreveu ainda "Castelos de Raiva", também editado entre nós pela Difel.
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