domingo, novembro 06, 2005

O monstro da indiferença

Pesquisando sobre Fernando Sabino e seus três amigos inseparáveis - Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino - , encontrei este belo trecho de Otto, extraido de Vista Cansada, sobre o poeta e a criança:

'Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que de tão visto ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher. Isso exige às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos.
É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.'

Formulo um desejo, após leitura deste texto: que a minha vista nunca fique cansada diante do espetáculo do mundo. Que no meu coração nunca se instale o monstro da indiferença.

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